Joaquim Maria Machado de Assis, nascido em 21 de junho de 1839 no Rio de Janeiro, é amplamente considerado um dos maiores escritores da literatura brasileira e mundial. Filho de um pintor de paredes e de uma lavadeira, Machado enfrentou inúmeras dificuldades financeiras e sociais ao longo de sua vida, mas sua paixão pela leitura e pela escrita o impulsionou a superar essas barreiras e se tornar uma figura central no panorama literário do Brasil.
A extensa obra machadiana constitui-se de dez romances, 205 contos, dez peças teatrais, cinco coletâneas de poemas e sonetos, e mais de seiscentas crônicas. Sua escrita evoluiu com o tempo, refletindo uma profundidade psicológica e uma habilidade única de criticar a sociedade brasileira de sua época. Ele fundou, em 1897, a Academia Brasileira de Letras e foi eleito seu primeiro presidente, posição que ocupou até sua morte em 1908. Sua liderança na Academia ajudou a consolidar a instituição como um pilar da cultura literária brasileira.
Obras Principais de Machado de Assis
Quincas Borba
“Quincas Borba” é um romance publicado em 1891 que narra a história de Rubião, um simplório professor primário que herda a fortuna e a filosofia de um excêntrico amigo, Quincas Borba. A filosofia do “Humanitismo”, criada por Quincas Borba, é uma paródia das doutrinas positivistas e evolucionistas da época. Ao mudar-se para o Rio de Janeiro, Rubião se envolve com a alta sociedade e acaba por perder sua fortuna e sanidade, mostrando a fragilidade das convicções humanas diante das adversidades da vida.
Dom Casmurro
Publicado em 1899, “Dom Casmurro” é talvez o romance mais famoso de Machado de Assis. O livro é narrado por Bento Santiago, conhecido como Dom Casmurro, um homem envelhecido que decide escrever sobre sua juventude para tentar explicar os eventos que o levaram a desconfiar da fidelidade de sua esposa, Capitu. A narrativa ambígua e subjetiva deixa o leitor em dúvida se Capitu realmente traiu Bento, tornando o livro uma obra-prima do realismo psicológico.
O Alienista
“O Alienista”, publicado originalmente como parte da coletânea de contos “Papéis Avulsos” em 1882, é uma sátira mordaz que expõe a tênue linha entre a sanidade e a loucura. A história gira em torno do Dr. Simão Bacamarte, um renomado médico que decide fundar um asilo chamado Casa Verde para estudar e tratar as doenças mentais em Itaguaí. À medida que Bacamarte amplia cada vez mais sua definição de loucura, internando um número crescente de cidadãos, a narrativa questiona as noções de normalidade e poder. Através de uma crítica irônica, Machado de Assis aborda temas como o autoritarismo, a arbitrariedade da ciência e a vulnerabilidade das instituições sociais, mostrando seu domínio do humor e da análise social.
Memórias Póstumas de Brás Cubas
“Memórias Póstumas de Brás Cubas”, publicado em 1881, é um marco da literatura mundial e uma das primeiras obras do realismo no Brasil. O romance é narrado por Brás Cubas, um defunto-autor que decide contar sua vida após a morte, livre das convenções sociais. A narrativa é caracterizada por sua ironia, humor ácido e crítica social, abordando temas como a vaidade humana, a hipocrisia e a corrupção. A inovação narrativa e o estilo irreverente de Machado fazem deste livro uma leitura essencial.
A Influência de Machado de Assis
A obra de Machado de Assis continua a inspirar leitores e críticos ao redor do mundo. Um exemplo recente é a influenciadora cultural Courtney Novak, que em um vídeo sobre “Memórias Póstumas de Brás Cubas” expressou seu encantamento e frustração com o livro:
“Tenho 3 problemas com este livro, em primeiro lugar, minha edição só tem 300 páginas, só faltam mais 100, se eu for muito cuidadosa vai durar até o fim de semana, mas e depois? O que eu vou fazer do resto da minha vida? Por que vocês não me alertaram que este é o melhor livro que já foi escrito? E, por fim, agora vou ter que aprender português, muito obrigada!”
A declaração de Courtney Novak destaca a relevância atemporal e o impacto profundo da obra de Machado de Assis, que continua a cativar e desafiar leitores de todas as partes do mundo, provando a universalidade e a genialidade de sua escrita.
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